CHUVA DE GRANIZO EM SERGIPE
04/11/2012 - 16:17
Família ficou
soterrada durante desabamento de casa
Mãe tenta salvar os dois
filhos que ficam machucados
Na manhã deste domingo, 4, ainda
bastante assustados moradores do povoado Tanque Novo em Riachão do Dantas
tentavam limpar a sujeira após a tempestade de granizo. O fato nunca antes
presenciado pelos moradores deixou todos apavorados. Muitos perderam casas,
veículos e até animais. O fato foi noticiado pelo Portal Infonet na noite de
ontem,3.
A equipe do Portal Infonet
esteve no povoado Tanque Novo, em Riachão do Dantas e encontrou relatos de
pessoas que lutaram para sobreviver durante a tempestade.
Emocionada e ainda com hematomas por
todo o corpo a dona de Milena de Oliveira relembra que na noite de ontem estava
em casa com os filhos quando percebeu o forte vento, temendo que algo pudesse
ocorrer com a estrutura da casa, Milena decidiu procurar abrigo em uma
residência próxima, mas não deu tempo.
A
dona de casa foi surpreendida com toda a madeira do telhado caindo sobre ela e
os filhos. “Rapidamente olhei para o teto e vi quando as telhas começaram a
voar, então fui tentar abrir a porta, mas a parede e a madeira do teto caiu
sobre mim e os meus filhos. Foi muito difícil porque para tentar proteger a
minha filha [2 anos] fiquei deitada com a madeira e a parede nas minhas
costas. Quando consegui me soltar pedi para que meu outro filho [11
anos] pegasse a irmã no colo e procurasse ajuda. Tenho certeza que foi Deus
que deixou eu e meus filhos viverem”. Mãe e filhos saíram feridos e receberam
atendimento no hospital de Riachão do Dantas.
O marido de Milena, Cleverton de Jesus
Freitas, conta que no momento da tempestade estava trabalhando e enfrentou a
ventania para socorrer a família.
“Sair pela rua desesperado porque
senti que algo poderia ocorrer com a minha família. Na rua tentava correr e o
vento por pouco não me jogou para longe, vi quando as telhas passaram voando
pela minha cabeça, mas quando cheguei a minha família já tinha saído da casa.
Agora é trabalhar e conquistar tudo novamente”.
Prejuízos
Aos 62 anos, o aposentado Adelson Secundino dos Santos conta
que nunca presenciou uma devastação na localidade. “Em toda a minha vida nunca
vi algo desse tipo, era muito barulho com o granizo e tudo voando. Só pensei em
agradecer a Deus pela minha vida e da minha família”, relata o aposentado que
teve a garagem da residência e o caminhão atingidos.
“O
prejuízo foi grande porque a garagem acabou toda e o caminhão amassou o capô e o
para-brisa, mas agora é lutar para consegui tudo novamente”, fala.
Dono de um pequeno comércio, Pedro Alves de Santana, de 61
anos, diz que estava em casa com a família durante a ventania e achou que o pior
poderia ocorrer. “Ficamos em casa assustados, apesar de ter sido rápido nunca
vamos esquecer o que ocorreu. Imaginava aquelas cenas de filmes ou até mesmo o
que presenciamos em outros países. Muita gente desesperada, mas somente hoje
pela manhã podemos perceber os prejuízos”.
O dono de um bar, Raimundo Geraldo Oliveira Fontes, também
lamenta o fato e diz que o aparelho de som, garrafas e todo o telhado ficaram
danificados. “Ficamos impressionados com a força desse vento que arrastou as
telhas, cadeiras e mesas do bar, não ficou nada no lugar. Até mesmo as árvores
foram arrancadas e outras partidas ao meio”, diz.
Igreja
A igreja católica também foi atingida. De acordo com o padre
Iran Caetano de Andrade, estava prevista uma missa para ser realizada minutos
antes da chuva de granizo, mas ao observar a formação de nuvens o padre pediu
que fosse adiada. “Graças a Deus não teve a missa, porque era uma celebração das
crianças e muitas poderiam vim à igreja. Parte do forro da igreja caiu, tivemos
prejuízos, mas vamos recomeçar”, garante o padre.
Falta de água
O estudante Ademilton Fonseca Melo de Souza diz que além da
devastação os moradores estão enfrentando problemas com relação ao abastecimento
de água.
“É um descaso porque essas pessoas que não têm caixas de água
em casa agora não podem limpar as residências porque está faltando água, e não é
somente hoje, mas quase todos os dias falta água e quando retorna é na
madrugada”, reclama.
Lagarto
A ventania também atingiu uma casa no povoado Itaperinha, em
Lagarto. O agricultor José Adilson dos Santos relata que estava se preparando
para deixar a residência quando percebeu a ventania forte e logo a chuva de
granizo derrubou parte de uma estrutura de concreto da casa. “Foi tudo tão
rápido que até agora estou preocupado porque nunca em toda a minha vida vi algo
desse tipo”, constata.
Durante todo este domingo,4, não choveu no povoado.
Por Kátia Susanna
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